segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Chutando o balde

Abandonei o blog nos últimos seis meses. Mas tive um motivo: resolvi chutar o balde.

Não que a minha vida interesse a mais do que cinco ou seis pessoas, incluindo aí os meus pais, mas acho que vale a pena dissertar sobre isso.

Trabalhava há seis anos, ininterruptamente. Emendei um estágio com outro emprego de carteira assinada, algumas vezes tive dois trampos e, quando uma empresa fechou as portas, em menos de uma semana estava de ofício novo. Ao fim, consegui aliar o que sempre gostei (vídeo) com a editoria com a qual sempre me identifiquei mais (internacional) e era “frila fixo” de uma grande agência mundial.

Mas não aguentava mais. Via meus colegas jornalistas, os mais velhos principalmente, estressados, viciados em café (eu também era, até ter úlceras), eternamente cansados. Enquanto os meus amigos de fora da profissão tinham fins de semana e feriados, eu mantinha aquela rotina de não ter rotina, de dar plantões, de receber telefonemas de trabalho em meio a confraternizações, de acordar as 4h pra trabalhar ou de trabalhar até as 2h, de almoçar correndo (isso quando dava pra almoçar) e não ter tempo pra coisas simples, como fazer academia e voltar pra aula de música.

Eu cansei. Por mais que gostasse da minha profissão e do seu falso glamour (sim, porque isso não existe há tempo, se é que existiu), decidi que estava na hora de voltar a ter um tempo pra mim, para fazer coisas simples como caminhar no fim de tarde ou conversar com os velhinhos embaixo do bloco, viajar tranquilamente com os amigos, desligar o celular para dormir, enfim, para ter uma vida outra vez.

Não vou negar que estes seis anos de profissão foram bons. Aprendi muito, mas muito mesmo. Fiz pautas de todo tipo: local, nacional, esportiva, internacional; cobri eleições, manifestações, posses, crises políticas; entrevistei moradores da periferia de Brasília, índios, ídolos do futebol e o Presidente da República; viajei para metrópoles como Rio e São Paulo e para lugares onde só se chega de barco (Benjamin Constant-AM). Se hoje tenho um carro na garagem e pequenos investimentos, é graças ao suor destes anos todos de muita ralação.

O lance é que não consegui fazer com que o jornalismo falasse mais alto do que a vida pessoal. Dizem que há um bichinho que pica os jornalistas e os deixa doidos pela profissão, a ponto de aguentar os horários, a anti-vida social e os baixos salários. Se existe, ele não me pegou direito...

Eu passei cinco dos últimos seis meses estudando duro. O resultado está na aprovação para o mestrado, um dos mais concorridos do Brasil, e algo que sempre quis fazer. Se não tivesse largado o meu emprego, não teria condições de estudar como gostaria (e provavelmente não teria sido aprovado). Regressando à vida acadêmica, vou ter tempo para saber se vale a pena ou não voltar à velha rotina, ou se devo começar outra profissão. Nunca é tarde para recomeçar, ainda mais aos 26.

PS.: é claro que não aguentei ficar parado nestes seis meses. De lá pra cá, cobri os dois turnos da eleição e vou trabalhar na posse da Dilma. Só não sei se não resisti aos convites por questões financeiras ou se é culpa daquele bichinho que eu não sei se existe...

Um comentário:

  1. Você esqueceu de falar do tempo que agora tem para tomar uma cerveja com os amigos rs. É bom ver o blog funcionando de novo. Abraços.

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