terça-feira, 29 de março de 2011

Bolsonaro e CQC

Jair Bolsonaro é um deputado patético, ultradireitista, que chama o golpe de 1964 de revolução e que tem como base eleitoral anticomunistas e milicos saudosos dos tempos de ditadura;

CQC é uma versão de um programa argentino, que já foi bom, mas que se perdeu ao não se decidir se é uma atração de humor ou um porta-voz político da classe média reacionária paulistana.

São duas coisas dispensáveis. Mas nesta semana, o primeiro andou falando umas besteiras no segundo. Deve enfrentar algum processo na Câmara dos Deputados.

As posições homofóbicas do deputado não são surpresa pra ninguém. E não creio que alguém, fora os generais de pijama e os pastores neopentescostais de plantão, irá lamentar se for cassado.

Mas a declaração supostamente racista veio num programa de humor que claramente distorce frases do contexto original, humilha entrevistados --principalmente se forem políticos-- e ainda insiste que faz jornalismo. Para piorar, o apresentador mesmo disse acreditar que o deputado não teria entendido a pergunta.

Será que ele realmente não entendeu? E será que isso é válido para a perda de um mandato?

Não defendo o Bolsonaro. Apenas questiono a relevância que está sendo dada para uma declaração em um programa humorístico. E o fato de alguns deputados se aproveitarem disso para se vingar dele, se esquecendo do que é o CQC.

No fundo, é a mesma coisa que pedir a cassação do Eduardo Suplicy por ele ter desfilado de sunga, em pleno Salão Azul, para a Sabrina Sato.

Ana Aparecida Araujo

Aos 80 anos, faleceu minha madrinha. Mãe de nove filhos, esposa dedicada, tia bajulada, avó querida.

Há até pouco tempo, curtia em todas as tardes o pôr-do-sol na varanda de seu casarão, em Corumbá-GO, quase sempre na companhia dos filhos e dos netos.

Era essa sua rotina desde que tinha ficado viúva.

Tia Aparecida foi minha madrinha num batismo sem padrinho. Tio Samuel, seu cônjuge por mais de quarenta anos, não foi aceito pelo pároco de Corumbá por ser maçom.

Que madrinha descanse em paz ao lado do companheiro de uma vida.

José Alencar Gomes da Silva

Não há, no Brasil, quem não tenha se comovido com sua luta contra o câncer.

Com seu jeito de avô e carisma único, o ex-vice-presidente cativava a todos.

A humildade aprendida com a infância pobre se manteve mesmo depois de se tornar um dos empresários mais ricos do país.

Como bom mineiro, se mantinha politicamente em cima do muro, malandramente agradando a gregos e troianos, petistas e tucanos.

A sua despedida não deve ser marcada pela tristeza, e sim pelos aplausos de todos que souberam reconhecer a sua força e vontade de viver.

domingo, 27 de março de 2011

100 gols

Alguns manuais de redação dizem que devemos escrever cifras redondas por extenso, mas é um número muito importante para ser reduzido a uma palavra.

Não gosto da pessoa Rogério Ceni; considero-o extremamente arrogante e antipático.

Mas, como atleta, não deixo de reconhecer o talento sob as traves, a liderança e o fato de ser o maior jogador da história de seu time.

E não posso deixar de reconhecer a sua incrível habilidade com a bola parada.

Um goleiro marcar 100 gols é um feito ainda mais importante do que um jogador de linha marcar 1000 gols.

É um gênio, mal reconhecido pelo país que prefere o talento ofensivo ao defensivo; o drible à marcação; o meia habilidoso ao zagueiro de categoria; tudo isso no país que crucifica o goleiro mas perdoa o atacante.

E Rogério é mal reconhecido, também, pelos defeitos que não só eu enxergo.

Rubinho

Rodou, saiu da pista, ultrapassou alguns, deu show, bateu, foi punido, ultrapassou de novo, abandonou.

A tábua de resultados do GP da Austrália de 2011 traz apenas o último verbo. Mas o descompromisso e a afobação típicos de um iniciante mostram que Barrichello se sente, ainda, como um garoto. Longe do peso da idade e da experiência de mais de 300 corridas.

Vida longa!

sábado, 26 de março de 2011

Repórter?

Ontem, no rádio:

"o Risadaria também vai contar com a palestra de Monica Iozzi, repórter (sic) do CQC da Band".

Um dia eles serão tratados devidamente, ou seja, como "humoristas que interpretam repórteres de TV".

Maldita seja a desmoralização do meu ofício. Obrigado, STF!

Dúvida e constatação

Se é para não atender, por que deu o telefone?

Se é para dar bolo, por que marcou de sair?

Ah, mulheres... depois os homens que fazemos joguinhos.

Eu prefiro a sinceridade de um "não" ao silêncio débil de uma ligação recusada.

Apesar de você




Linda música, lindo clipe que pesquei no YouTube.

Mas o mais triste ao ver esse vídeo é perceber a democracia "de merda" que temos hoje. Troca de favores, política na base do toma-lá-dá-cá, excesso de poder exercido pelos meios de comunicação reacionários, entidades de classe influenciando o que não deveria, falta de conhecimento da nossa população. Isso sem falar na corrupção, na roubalheira que vem por aí com a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos.


Será que foi para isso que tantos lutaram, que tantos foram torturados, que tantos se exilaram, que tantos morreram no Brasil?


É duro falar isso, mas... que saudade da ditadura! Dá para voltar no tempo e recomeçar a nossa redemocratização?

Ontem e hoje

Quando criança, ficávamos em fila no pátio da escola, rezávamos o Pai Nosso e cantávamos o Hino Nacional às segundas. Estudávamos, também, os outros três hinos da República, além do Hino do Distrito Federal. E ai de quem não mantivesse a postura correta.

Hoje, a solenidade do hino virou algo artificial, executado até em jogos de futebol como se fosse um ato de civismo --o que, dessa forma, não é. Ninguém coloca a mão no peito, nem olha para a bandeira, mas aplaude o fim da execução da gravação como se fosse o certo.

Quando criança, aprendíamos a desenhar e a pintar a Bandeira Nacional. Ensináva-nos as cores, as bandeiras que o país já teve. Nos vestíamos de verde-e-amarelo na Semana da Pátria e os professores nos explicavam os valores nacionais.

Hoje, ser patriota é ser Pacheco, é vestir a camiseta da Seleção de quatro em quatro anos, é torcer para um brasileiro vencer a competição X só porque é brasileiro, é perguntar se há brasileiros mortos em tragédias internacionais antes de se preocupar com as vítimas daquele país.

Ou então dizer, cegamente, que o Brasil é o melhor país do mundo sem nunca ter cruzado a fronteira, ou assistir a filmes nacionais por serem "os melhores", mesmo sem entender nada de cinema, ou comprar coisas das marcas "Café do Brasil" ou "Chocolate do Brasil" sem saber se são realmente os mais baratos ou mais gostosos.

Quando criança, tínhamos aula de Educação Moral e Cívica e de Organização Social e Política do Brasil, matérias condenadas pelos professores à esquerda e cujas extinções foram comemoradas porque "eram coisa da ditadura".

Hoje, os alunos crescem sem respeito pelos professores. Não há regras de conduta e de convivência, cachorros sobem pelo elevador social, crianças não dão bom dia ou ajudam os mais velhos. Para a nova geração, organização política do Brasil é repetir o mantra "todo político é ladrão", votar "é um saco" e o importante apenas é passar no vestibular para curtir as festas da facul, tirar carteira de motorista e encher a cara de vodca no meio da rua.