domingo, 10 de abril de 2011

Passaralhos

Você abre mão dos seus amigos, relacionamentos, família; não tem mais fins de semana e feriados; viagem de Ano Novo? nem pensar; férias? só quando o patrão permitir, e nunca coincidem com as de ninguém; faz horas extras nos piores dias possíveis; trabalha em horários malucos, e ai se acontecer um factual na hora que já estiver com o cartão de ponto na mão; enfim, você veste a camisa da empresa e passa a viver em função dela.

Daí chegam os donos da empresa e vêm com aquele discurso mais-que-batido: precisamos cortar gastos, enxugar a máquina, a ordem é fazer mais com menos; e você, que abriu mão de tudo aquilo do parágrafo anterior, está despedido.

Tudo bem, o jornalismo é uma profissão unida, jornalistas são corporativos, além de excelentes coelgas e, logo, logo, estará com um emprego novo. Mas é muito ruim ver como a empresa cuja camisa vestiu pensa em você na hora dos cortes.

O passaralho não é uma novidade. Mas, ironicamente, o anúncio das demissões nos dois maiores jornais de Brasília aconteceu no 7 de abril, o famoso "dia do jornalista". E no dia que aconteceu um dos maiores factuais do ano, o massacre de Realengo.

Queria ver o ânimo dos que ficaram para cobrir aquela história.

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